segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

          

          O Ano Litúrgico de 2018 corresponde ao Ciclo B do Calendário Litúrgico da Igreja. Durante o Ciclo B, São Marcos é o evangelista que leremos em todos os domingos (com poucas exceções quando nos voltamos para o Evangelho de São João em ocasiões especiais como as Solenidades). Por essa razão, para ajudar nossos amigos, amigas, leitores e leitoras do blog no estudo e na preparação dos sermões ao longo do ano, publicarei aqui uma série de estudos no Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos. 
          Os primeiros estudos serão Introduções de grandes nomes da Teologia Bíblica. Tais introduções colocam questões de linhas gerais sobre o Evangelho. Algumas delas serão de autores que se baseiam no método histórico-crítico e outras serão de linha mais conservadora (contudo, ligados, todos, à Igreja Reformada, tradição seguida por mim). Certamente vocês serão capazes de distinguir entre uns autores e outros. É importante frisar que embora eu faça essa divisão, faço no sentido de clareza didática, jamais em preferência de uma em detrimento na outra, pois estou certo que a linha de interpretação mais conservadora COMPLETA, ou seja SOMA, com a linha mais liberal ou histórico-crítica da exegese bíblica. Podemos tirar boas coisas desses velhos tesouros e é esse o objetivo de também disponibilizar autores mais conservadores para a leitura e estudo.
          Por fim, meu desejo é que tais Introduções sejam como aqueles tônicos que nos abrem o apetite para estudos mais profundos. Ou pílulas de ânimo para um voo mais alto no estudo do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos.
          Iniciaremos com a Introdução escrita por Rinaldo Fabris, sacerdote católico italiano da Diocese de Udine, Doutor em Teologia Bíblia pelo Instituto Pontifício Bíblico de Roma, celeiro de grandes nomes da boa teologia comandado pelos Jesuítas; um centro importantíssimo de estudos avançados das Escrituras Sagradas.
          Segue, abaixo, a Introdução de R. Fabris. Boa leitura!

O EVANGELHO DE MARCOS – INTRODUÇÃO POR
RINALDO FABRIS

Interesse pelo evangelho de Marcos

          Nos últimos dois séculos, o evangelho segundo Marcos passou para  o primeiro lugar nas cotações da critica literária e histórica. Sua veste literária humilde e a sobriedade de seu material tinham sido no passado a causa da sorte deste evangelho, que desempenhava o papel de parente pobre em relação aos outros dois evangelhos sinóticos e ao evangelho de João. Na realidade um evangelho sem a síntese sugestiva do discurso da montanha (Mt 5-7) ou sem as parábolas da misericórdia (Lc 15), sem noticias sobre o nascimento de Jesus, estava destinado já desde o começo a uma vida difícil na Igreja.
          Mas nos últimos dois séculos foram exatamente a pobreza e a sobriedade do escrito de Marcos que atraíram a atenção dos estudiosos. Quando enfrentou-se de maneira, nova a questão dos relacionamentos recíprocos entre os três evangelhos sinóticos, junto com a questão da formação e desenvolvimento do material evangélico, o evangelho de Marcos tomou o primeiro lugar no interesse dos estudiosos e pesquisadores. A conclusão hoje comumente aceita e que este escrito é o primeiro exemplar de “evangelho” chegado ate nós. Em outras palavras, Marcos inaugurou aquele modelo literário chamado “evangelho”.

Plano do evangelho de Marcos
          Naturalmente o evangelho de Marcos não surgiu de improviso ou por geração espontânea; ele foi precedido por coleções mais arcaicas recolhendo as palavras de Jesus ou por composições primitivas reunindo material narrativo. Mas a novidade do trabalho de Marcos foi reunir palavras e fatos de Jesus numa composição unitária e articulada segundo um esquema ou plano geral.
          Numa primeira leitura, tem-se a impressão de que o plano ordenador deste evangelho seja de ordem geográfica ou espacial. Jesus inicia sua atividade na Galileia, em Cafarnaum ou nos arredores do lago (1,14-7,23), faz algumas breves visitas fora dos confins da Palestina, para depois se encaminhar rumo a capital, na Judeia (7,24-10,52), onde irá se consumar a tragédia de sua morte violenta (11,1-15,47). Mas se procuramos utilizar as escassas anotações geográficas de Marcos para reconstruir a geografia da atividade de Jesus, ficamos decepcionados. Marcos fala genericamente da montanha (3.13; 6.46) ou da margem do lago (1.16; 2.13; 4.1), do barco (4.1; 4.36.37), da casa, da sinagoga etc. Uma vez se menciona Nazaré (1.9), e duas vezes Betsaida (6.45; 8.22). Em poucas palavras, o quadro geográfico é vago e o material evangélico não parece ter uma ligação estreita com esta geografia sumária.
          Uma segunda impressão que se deduz do contato com o texto de Marcos é de uma narração desenvolvida segundo um esquema biográfico dramático. Com efeito, o relato começa com o entusiasmo da multidão na Galileia, desenrola-se através das incertezas da crise e ruptura e culmina com a catástrofe de Jerusalém. Neste esquema, o evangelho de Marcos apresenta momentos fortes e destaques temáticos que podem sugerir um plano preciso. Os momentos fortes e os relativos temas que sugerem a articulação deste drama espiritual podem ser indicados assim:
          Atividade inaugural ao redor do lago, sintetizada na proclamação solene do reino de Deus, 1,14-15, acompanhada por alguns gestos taumatúrgicos, os milagres. Esta seção e precedida pela introdução, que liga a atividade de Jesus com a de Joao Batista e com o batismo, onde se encontra a primeira revelação da identidade de Jesus: ele e o Filho único. Duas coleções, uma de parábolas, 4,1-34, outra de milagres, 4,35-5,43, permitem a Marcos desenvolver os dois temas: o do reino de Deus, que amadurece na historia de Jesus, e o da busca ou lento esclarecimento a respeito da identidade de Jesus: quem é este mestre, que manda nas potencias do mar? (4,41). O típico dia de Cafarnaum apresenta, como num pequeno diário, a síntese da atividade de Jesus, 1,21-39. Mas já neste começo da sua atividade se delineiam as várias tomadas de posição perante o anúncio do reino na pessoa de Jesus: a atitude da multidão, que acorre de toda parte, 3,7-12; a adesão sincera dos discípulos, 3,13-19; a perplexidade e o medo dos parentes e patrícios, 3,20-21.31-35; e enfim, a suspeita e a hostilidade dos círculos dirigentes, que tem seu ponto de referência na capital, Jerusalém, 2,1-3,6. O drama do reino e de Jesus, protagonista do reino, já está anunciado e individuado em suas grandes linhas de desenvolvimento (1,1-5,43).
          Dois episódios muito significativos marcam as etapas seguintes da trajetória evangélica: a rejeição de Jesus de Nazaré e a proclamação messiânica em Cesaréia de Filipe, 6,1-8,26. O tema unificador, nesta seção, é sintetizado pelo "pão”: pão dado generosamente, no deserto, ao povo sem guia e alimento, 6,33-44, “ pão dos filhos” dado também aos excluídos, os pagãos, 7,24-30.
          Uma vez mais, ao redor deste pão, que representa o dom messiânico ou definitivo de Deus que se faz presente em Jesus, se revelam as diversas reações: a da multidão, cujo entusiasmo é fácil, mas ambíguo; a dificuldade crescente dos discípulos em compreender o sentido profundo dos gestos externos de Jesus, 6,52; 8,17-21; a obtusidade mesquinha e maligna da classe dirigente, 7,13; 8,12-13.
          A parte central do evangelho marca a volta decisiva: Jesus deixa a Galiléia e encaminha-se para Jerusalém; aceita a proclamação messiânica dos discípulos, feita por Pedro, mas de agora em diante anuncia a morte e a ressurreição do Filho do Homem, 8,26-10,52. Uma nova proclamação divina, análoga a do batismo, confirma a verdadeira identidade de Jesus nesta volta critica de sua trajetória: Ele é o Filho único, revelador autorizado da vontade de Deus, 9,2-9. A caminhada de aproximação a Jerusalém é marcada pelo progressivo esclarecimento do projeto messiânico de Jesus. Isto se realiza não só no tríplice anuncio feito aos discípulos da morte e ressurreição do Filho do Homem, mas também no aprofundamento de suas consequências para os que seguem Jesus. Nesta seção, a multidão fica no segundo plano, como horizonte, enquanto no primeiro plano estão os discípulos desorientados, medrosos ou perturbados pela nova perspectiva do Reino, Os adversários já estão enquadrados em seu papel de protagonistas da paixão.
          Os três dias de atividades em Jerusalém são o prelúdio da paixão e ressureição, 11-12. O confronto com os círculos dirigentes da capital diz respeito à identidade de Jesus e ao seu projeto messiânico. Os temas e as motivações da rejeição de Jesus e de sua condenação à morte são antecipados de maneira evidente. Também aqui, como no começo, se delineiam as posições dos protagonistas: a multidão é ainda favorável e simpatiza com Jesus; os discípulos bem ou mal estão reunidos em volta de Jesus; os adversários, dirigentes espirituais e religiosos, estão bloqueados numa oposição radical, que só espera a ocasião propicia para se tornar violência repressora.
          Após o discurso de recomendações e de despedida reservado aos amigos íntimos, construído segundo o estilo dos apocalipses, 13, o drama culmina numa condenação e morte violenta de Jesus, 14-15. É o bloco literário mais vistoso e que projeta sua luz sobre todo o resto do evangelho. Os temas mais importantes anunciados e desenvolvidos durante a inteira trajetória são aqui retomados e esclarecidos. O título de Cristo, Messias, dado pelo grupo dos discípulos na solidão de Cesaréia, agora e retomado e referido publicamente perante a suprema autoridade judaica: o sinédrio presidido pelo sumo sacerdote, 14,61-62; o titulo de Filho de Deus que ressoou nas duas revelações divinas, no batismo, 1,11, e na transfiguração, 9,7, agora é formulado no momento culminante da paixão, sobre a colina do Gólgota, pelo oficial pagão que assiste a morte de Jesus: “Na verdade, este homem era Filho de Deus”, 15,39. Com esta seção que conclui todo o livrinho, Marcos dá plena justificação a solene introdução: “Inicio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus”, 1,1.
          Toda tentativa de reduzir a obra de Marcos a um esquema geográfico e biográfico não leva em conta este precioso ponto de vista temático, cristológico. O quadro geográfico e a evolução dramática da trajetória são colocados numa tensão espiritual, que fermenta os dados cronológicos geográficos e os episódios históricos. Esta tensão e caracterizada por dois polos: Jesus, na novidade de sua pessoa e de sua missão, e a comunidade dos crentes, com suas interrogações e problemas. Quem é Jesus na sua dimensão mais profunda para a comunidade cristã? Para responder a esta questão de fundo, Marcos retomou o material tradicional que tinha à disposição, organizou-o segundo um plano ou projeto geral, num constante diálogo espiritual com os cristãos de sua Igreja. Nesta altura, para compreender o trabalho feito por Marcos, é oportuno individuar pelo menos hipoteticamente as fontes ou o material que ele tinha a disposição, e procurar adivinhar as interrogações e os problemas da comunidade a qual seu evangelho e dirigido.

As Fontes de Marcos
          É este um campo aberto às disposições que procuram dar uma interpretação coerente a alguns dados de fato, que podem ser, em suas linhas gerais assim indicados:
          Há algumas coleções de material que constituem unidades literárias ainda distinguíveis no interior da composição de Marcos: coleção de controvérsias (2.1-3.6), de parábolas (14.1-34), de milagres (4.35-5.43). Encontram-se nelas pedaços de resumo ou sumários da atividade de Jesus, aparentados entre si pelo estilo e as ideias de fundo: 1.14-15.21.22.39; 2.13; 3.7-12; 6.7.12-13.30.53-56 etc.
          A narração da paixão é caracterizada por referências mais explicitas aos textos da Escritura e por algumas interrupções, que servem para inserir pormenores narrativos e episódios.
          Além disso, um fato que chama a atenção do leitor e a repentina conclusão do relato pascal de Marcos 16,1-8. As mulheres fogem do sepulcro e não dizem nada a ninguém. Hoje os estudiosos concordam que os versículos seguintes, 16,9-20, não são de Marcos, e isso, por motivos estilísticos e literários. Mas, pode um evangelho terminar sem a narração das aparições pascais? Ou Marcos limita-se à promessa feita aos discípulos: “Vê-los-eis na Galileia” (16,7)?
          Estes dados, junto com muitos outros mais pormenorizados, deram origem a um montão de hipóteses, desde que os estudiosos dirigiram seu interesse para o segundo evangelho. O evangelho atual é uma segunda edição revista e corrigida de um evangelho primitivo? Ou é um trabalho de montagem, feito pelo autor, de peças que já existiam, isto é, de fontes escritas?
          Hoje há um acordo de fundo entre os estudiosos quanto ao reconhecer o notável trabalho redacional de Marcos. As divergências começam quando se pretende precisar em que consiste este trabalho do evangelista. Antes de propor uma solução, é preferível indicar rapidamente os interesses principais de Marcos em relação à comunidade cristã que esta por trás dele.

Centro de interesse de Marcos e de sua comunidade
          Pelas relevâncias e insistências no escrito atual de Marcos é possível reconstruir seus centros de interesse e também a mensagem que ele quer fazer ressoar na comunidade cristã.
          A preocupação cristológica tem um lugar central no segundo evangelho. Mas não se trata de um interesse genérico e abstrato pela pessoa ou a tarefa de Jesus, mas de uma atenção atualizadora, que quer fazer referência a Jesus para resolver algumas interrogações de fundo: quem é Jesus para uma comunidade empenhada em segui-lo? Para uma comunidade numa situação nova, longe da Palestina dos anos 30, exposta à perseguição e forçada a se confrontar continuamente com um ambiente que desafia seu empenho missionário? Esta comunidade cristã conhece já os títulos ou as fórmulas de fé: Jesus Cristo, Filho de Deus. Mas que significa isto?
          No centro do evangelho, Jesus é proclamado Cristo, Messias, por Pedro. Mas Jesus ordena ao grupo dos discípulos que não falem a respeito disso com ninguém; e imediatamente começa a instrui-los sobre a nova perspectiva do Filho do Homem, perseguido, humilhado e depois glorificado, 8.27-33.
          Mesmo diante da autoridade judaica, Jesus, já em traje de acusado, proclama que Ele é o Messias, mas imediatamente acrescenta a promessa de sua vinda como Filho do Homem, 14.61-62. A conclusão é clara: Jesus é sim Messias, mas não segundo as expectativas e perspectivas humanas. A cruz e a ressurreição agora discernem de maneira inequívoca sua tarefa e sua identidade messiânica.
          A mesma coisa vale para o titulo de “Filho de Deus”: este toca o mistério profundo de Jesus, mistério desvendado em parte nas revelações celestes do batismo (1,11) e da transfiguração ou nas indiscrições malévolas dos demônios (1,24.34; 3,11; 5,7). Porém, diante da humilhação e solidão de um condenado à morte, os equívocos já não são possíveis: Jesus é o Filho de Deus, porque morre daquele modo (15,39).
          Agora, a comunidade sabe o que significa proclamar Jesus “Cristo, Filho de Deus”. Talvez se trate de uma comunidade tentada a elaborar um projeto cristão que põe em segundo plano a cruz; ou de uma comunidade que vive ainda sob o choque das perseguições, que semearam o pânico e o desânimo entre os seus membros. Pois bem, diz Marcos, é impossível compreender quem é Jesus sem empenhar-se em segui-lo no caminho de Jerusalém, um caminho que leva à ressureição só através da morte de cruz.
          Outro tema que caracteriza o evangelho de Marcos, e que pode se tornar um indicio de seu centro de interesse e dos problemas da comunidade cristã, é o dos discípulos. Tem-se repetido que o evangelho de Marcos dá pouco espaço aos discursos, que é um evangelho escrito ao ar livre, com um Jesus em contínuo movimento e ação, um Jesus operador de milagres. Se há algo verdadeiro nestas afirmações, isto não deve fazer esquecer a insistência de Marcos sobre o ensino. A atividade de Jesus consiste prevalentemente em anunciar o reino de Deus ou o evangelho de Deus (1,14.15.39), em instruir os discípulos (8,31; 9,31).
          Para indicar esta missão, Marcos usa a linguagem corrente na Igreja, para qualificar sua tarefa missionaria ou catequética. Em outras palavras, o comportamento de Jesus e dos discípulos reunidos ao redor dele sugerem a atitude dos cristãos em relação “aos de fora”. Uma abertura e anseio missionário que são evidenciados por algumas palavras explicitas de Jesus: “Primeiro e necessário que o evangelho seja pregado a todas as nações” , 13,10.
          Contra perigosas fugas utópicas para um messianismo triunfalista ou para sonhos de catástrofes apocalípticas, a comunidade sabe qual é sua tarefa: seguir com coragem e perseverança a Jesus em sua caminhada, e continuar anunciando com fidelidade e confiança o evangelho.
          Nesta altura pode-se responder a interrogação acerca do material ou das fontes de Marcos. Pode-se pensar que o autor do atual evangelho tenha utilizado material conservado e transmitido na tradição de sua comunidade, sobretudo: conjuntos de sentenças adotadas na catequese ou trechos usados para a instrução e a vida litúrgica e a atividade dos missionários itinerantes. Mas os novos centros de interesse e a particular perspectiva cristológica permitiram a Marcos dar coerência e unidade a todo este material, criando uma obra nova e original: um evangelho.

Características literárias de Marcos
          Levando em conta este trabalho redacional, podem-se avaliar com honestidade as qualidades literárias de Marcos. Pode-se ficar decepcionado pelo seu esquematismo narrativo ou pelas imagens estereotipadas a respeito da multidão, dos discípulos; ou se pode encher de entusiasmo pelos pormenores narrativos, as rápidas anotações acerca do olhar e dos sentimentos de Jesus, 3.5; 8.12; 10,21.23.27; 11.11. O que não se pode negar é a coerência de um escritor que pretende apresentar sem retórica e falso pietismo a pessoa e a imagem de Jesus de maneira tal que sustentem o empenho e a vida de uma comunidade crente.

Autor, data e lugar de composição
          Uma antiga tradição, testemunhada por Pápias, bispo de Hierápolis, por volta de 150 d.C., atribui o segundo evangelho a Marcos, “intérprete de Pedro” em Roma. O livro teria sido composto em Roma, após a morte de Pedro, segundo o testemunho de outro documento do século II, o Prólogo Antimarcionita, do escritor Irineu de Lião. Combinando estes dados da tradição com as indicações do próprio evangelho, pode-se situar a sua composição em Roma, por volta dos anos 70 d.C. A diferença entre a datação mais remota, 65-70, e a mais próxima, 70-75, depende da interpretação que, no discurso apocalíptico, se dá à referencia à destruição do templo de Jerusalém, que aconteceu no ano 70 d .C .
          Retêm-se comumente que o Marcos do qual falam os documentos tradicionais acima mencionados deva identificar-se com um cristão originário de Jerusalém, João, apelidado de Marcos (At 12,12). Ele teve uma primeira experiência missionaria junto a Paulo e Barnabé (At 12,25; 13,5.13; 15,37-39); num segundo tempo, parece ter-se mudado para Roma (Cl 4,10), como colaborador de Pedro, segundo o testemunho de 1Pd 5,13.

BIBLIOGRAFIA
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